Monitoramento: a gente vê por aqui

Monitoramento: a gente vê por aqui

No início de abril, Salvador passou por dias caóticos graças à greve da Polícia Militar. Com medo, a população recorreu às redes sociais para compartilhar informações e se informar sobre o que acontecia na cidade. Estava instaurada uma crise de imagem na PM.

E, tal qual fazemos com nossos clientes, preparamos um monitoramento para entender quais os principais fatores dessa crise. Quais palavras chaves o soteropolitano usou para se referir à greve? Qual o sentimento em relação à polícia? Perguntas cujas respostas é possível achar monitorando a situação e tratando os dados de maneira objetiva. Assim, começamos a monitorar os termos mais buscados entre os dias 16 e 18/04. Afinal, existe muito mais entre o cidadão e a PM do que supõe a nossa vã timeline.

Muito se fala que o Twitter está morrendo. Será mesmo? As hashtags chegaram há pouco tempo no Facebook, e a própria maneira como a timeline é mostrada ao usuário não facilita a disseminação de informações em tempo real, já que posts mais comentados e curtidos ganham mais destaque, “escondendo” os outros mais recentes e ainda com um engajamento menor.

Resultado? Em eventos em tempo real como uma final de campeonato, o Oscar ou a nossa greve da PM, corre todo mundo pro Twitter. Dentre os 15.545 itens monitorados, 13.687 vieram de lá. Muito pra uma rede social que está morrendo, não?

Claro, o fato de muita gente restringir a privacidade do Facebook ajuda o Twitter a se destacar. Então fica a dúvida: as pessoas modificam as configurações de privacidade do Facebook ao falarem sobre assuntos públicos? E porque elas não recorrem à mesma privacidade no Twitter, que também lhes dá essa opção?
Pras empresas, fica a lição: aqui em Salvador o Twitter ainda é a melhor plataforma para escutar seus clientes.

Também deu pra sentir que o internauta já não se pauta tanto pelas mídias tradicionais, já que apenas 4,69% das menções coletadas continham #grevedapm, hashtag sugerida pelo jornal A Tarde. A maioria das menções foram mesmo naturais, e a hashtag #grevepmba surgiu espontaneamente, embora tenha sido abraçada posteriormente por alguns veículos.

Quase 80% das menções coletadas eram extremamente desfavoráveis à greve, mas houve quem se mantivesse em cima do muro – muitas vezes por respeito à pessoa do policial. A grande maioria das menções positivas veio de perfis de policiais ou parentes, e boa parte das menções neutras eram respostas a esses comentários, sem desabonar a reivindicação da categoria.

Dentre as menções negativas, 75% questionavam as reais intenções da PM, desacreditando os próprios servidores; mas a primeiro nome a aparecer como principal responsável pela greve foi o do Vereador Prisco, com 17% das menções. E o que chamou atenção nas menções à Prisco foi a importância dos perfis nas redes sociais que questionavam as ações do Vereador, pessoas mais influentes e, principalmente, políticos como Nelson Pelegrino, Marcelo Nilo e Lídice da Mata.

O Prefeito ACM Neto foi pouco citado como responsável pela greve, apenas 1% das menções relacionava seu nome aos eventos. Já o Governo, zelador da segurança pública, teve o nome de Jaques Wagner um pouco mais lembrado: 4% das menções responsabilizavam o Governador pelo caos na cidade.

Foi uma greve política? Parece que sim. E a própria população sentiu isso ao questionar a legitimidade do movimento. Gerir essa crise de imagem não vai ser fácil para a PM baiana, que sai da greve ainda mais combalida do que entrou.

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Texto originalmente publicado aqui, escrito por mim para o blog da CDLJ.


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